Está incutido na sociedade esta idéia de que o ano novo significa renovação, mas, a meu ver, as pessoas nao sabem exatamente o que isto quer dizer, ou se sabem, fogem do real significado. Elas esperam que o cosmos, que Deus, que Alá, que, sei lá, qualquer outra força obscura sobrenatural, altere as propriedades da realidade e confira ao ano que está por vir algo de felicidade e melhora.
Esta falsa esperança pode ser fundamentada pela idéia do novo construída pela sociedade do capital, onde tudo que é velho, antigo, remete a coisas ruins e tudo que é novo, é bom, é melhor, de maneira geral. Bem apropriado pra uma sociedade que depende de vendas. Porém obviamente esta é apenas uma possibilidade, mas que creio que importante de ser ressaltada.
Outro possível pilar dessa visão inautêntica do ano novo, é o misticismo resultante da necessidade de fuga da condição humana das pessoas. Obviamente é bem mais fácil atribuir "ao ano" a culpa pelos seus fracassos e duas decepções, e esperar que no próximo ano, se tenha mais "sorte", do que se repensar suas escolhas e seu projeto existencial. Ou seja, muito se espera do ano novo, mas na realidade, pouco se faz para que ele seja realmente um ano de mudanças.
Obs.: Uma cor bem apropriada para o post, não?!
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
O problema das (co)cotas.
Por que temos de dar (co)cota para pagar uma dívida que não é nossa?
Por que não evitar o conflito da cor e levá-lo para o problema do capital?
É notável que a questão do preconceito e das (co)cotas hoje passa mais pelo problema do capital do que pelo da cor.
Se for de se criar (co)cota pra pobre, eu até entendo. Afinal quem nao (f)pode, não (f)pode.
Obviamente desde que a criação desse tipo de (co)cota não interfira muito negativamente nas possibilidades de outros.
Ainda assim acho errada essa facilitação pelas (co)cotas só para uns enquanto para outros não há! Também quero (co)cota!
Afinal se levarmos a idéia ao extremo, cada qual vai querer sua própria (co)cota!
Por exemplo, já pensaram em (co)cotas para gays?
É vergonhoso para o país do bumbum depender de (co)cotas!
Por que não evitar o conflito da cor e levá-lo para o problema do capital?
É notável que a questão do preconceito e das (co)cotas hoje passa mais pelo problema do capital do que pelo da cor.
Se for de se criar (co)cota pra pobre, eu até entendo. Afinal quem nao (f)pode, não (f)pode.
Obviamente desde que a criação desse tipo de (co)cota não interfira muito negativamente nas possibilidades de outros.
Ainda assim acho errada essa facilitação pelas (co)cotas só para uns enquanto para outros não há! Também quero (co)cota!
Afinal se levarmos a idéia ao extremo, cada qual vai querer sua própria (co)cota!
Por exemplo, já pensaram em (co)cotas para gays?
É vergonhoso para o país do bumbum depender de (co)cotas!
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Pra que existimos?
Existe certo perigo em lidar com o filosofar. Especialmente quando se entra em contato com a filosofia do concreto, da vivência, do que se revela. Quando se lida com o podre da realidade, quando não lhe ignoramos, quando tomamos conhecimento da sua inerência à condição humana, algumas concepções são alteradas e algumas sensações são despertas.
A vida é permeada por questionamentos geradores de angústia que fazem com que os indivíduos queiram se refugiar em possibilidades para além da sua existência. Por exemplo, têm-se o fato de que é difícil para muitas pessoas aceitarem a efemeridade e a falta de sentido da vida, então a maioria delas recorre à religião. Obviamente esta é uma fuga de uma angústia que, como toda escolha, gera outra angústia, porém, uma angústia mais fácil de lidar, pois escapa ao real e às possibilidades de fato, e gera uma ilusão. Esta é o que cegará o indivíduo para as suas possibilidades, pois este se fechará em um dogma, abrindo mão de sua liberdade/responsabilidade e fugindo à sua condição humana, à espera dessa ilusão.
Em outros casos, creio que o meu, o sujeito comete o desatino de querer buscar respostas onde só se consegue questionamentos: na filosofia. Esta se apresenta sedutora, nos dá outras possibilidades de reflexão, porém é perigosa. Ao se "clarear" a visão, passa-se a perceber o quão obscuro é o mistério da vida. E mais, passa-se a questionar sua finalidade, de modo que a única resposta a que se é possível chegar é que a vida não tem sentido. Mas isto lhe confere sentido! O sentido da vida está no fato dela não ter sentido. Caso tivesse creio que todos os homens agiriam num determinado padrão mais facilmente observável, afinal todos teriam o mesmo objetivo. Todavia, o único padrão que se pode se certificar, é o padrão da diferença, desta que nos torna igual, deste sentido sem sentido.
Enfim, eu decidi continuar buscando um sentido (talvez eu faça disso um sentido, pelo menos até onde eu conseguir suportar), e vocês? O que irão decidir?
A vida é permeada por questionamentos geradores de angústia que fazem com que os indivíduos queiram se refugiar em possibilidades para além da sua existência. Por exemplo, têm-se o fato de que é difícil para muitas pessoas aceitarem a efemeridade e a falta de sentido da vida, então a maioria delas recorre à religião. Obviamente esta é uma fuga de uma angústia que, como toda escolha, gera outra angústia, porém, uma angústia mais fácil de lidar, pois escapa ao real e às possibilidades de fato, e gera uma ilusão. Esta é o que cegará o indivíduo para as suas possibilidades, pois este se fechará em um dogma, abrindo mão de sua liberdade/responsabilidade e fugindo à sua condição humana, à espera dessa ilusão.
Em outros casos, creio que o meu, o sujeito comete o desatino de querer buscar respostas onde só se consegue questionamentos: na filosofia. Esta se apresenta sedutora, nos dá outras possibilidades de reflexão, porém é perigosa. Ao se "clarear" a visão, passa-se a perceber o quão obscuro é o mistério da vida. E mais, passa-se a questionar sua finalidade, de modo que a única resposta a que se é possível chegar é que a vida não tem sentido. Mas isto lhe confere sentido! O sentido da vida está no fato dela não ter sentido. Caso tivesse creio que todos os homens agiriam num determinado padrão mais facilmente observável, afinal todos teriam o mesmo objetivo. Todavia, o único padrão que se pode se certificar, é o padrão da diferença, desta que nos torna igual, deste sentido sem sentido.
Enfim, eu decidi continuar buscando um sentido (talvez eu faça disso um sentido, pelo menos até onde eu conseguir suportar), e vocês? O que irão decidir?
sábado, 13 de dezembro de 2008
Dieta para o amor eterno.
Duas colheres de sopa bem cheias de paixão
Uma colher de chá de angústia
Uma pitada de ciúme so pra dar o gosto...
e dois baldes duma eterna tolerância à mesmice.
Uma colher de chá de angústia
Uma pitada de ciúme so pra dar o gosto...
e dois baldes duma eterna tolerância à mesmice.
Tentativa de... poesia?!
Esse negócio de poesia nao é muito comigo. Sou mais de criticar mesmo tudo! hehe!
Mas resolvi brincar um pouco e ver no que dá, afinal uma amiga minha de sala disse numa dinâmica de grupo que eu deveria ousar mais. Então saca só:
De Vinícius a Vinícius
De tudo, o meu amor é desalento
Antes, e com tal medo, e sempre pranto
Que estando em face do maior encanto
Dele desencante logo meu pensamento.
Quero esquecê-lo, de cada vão momento
E de seu furor hei de espalhar desencanto
E no que eu piso esmagar seu canto
Sem pesar ou descontentamento
E enfim quando ja tarde me procure
Quem sabe a morte, soluçao de quem vive
Quem sabe a solidao constancia de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que me livrei)
Que nao seja imortal, posto que engana
Mas que seja gostoso enquanto dure
Esta é uma espécie de paródia do "Soneto de fidelidade" de Vinícius de Moraes. Deixo isso claro pra evitar denúncias de plágio. Na realidade era pra todo mundo notar isso, mas como eu sei que este espaço aqui é público e alguns estúpidos podem pensar bobagem, parece que este aviso se faz necessário.
Ah sim! Gosto de sarcasmo, ironia e pessimismo, então nao me encham.
Mas resolvi brincar um pouco e ver no que dá, afinal uma amiga minha de sala disse numa dinâmica de grupo que eu deveria ousar mais. Então saca só:
De Vinícius a Vinícius
De tudo, o meu amor é desalento
Antes, e com tal medo, e sempre pranto
Que estando em face do maior encanto
Dele desencante logo meu pensamento.
Quero esquecê-lo, de cada vão momento
E de seu furor hei de espalhar desencanto
E no que eu piso esmagar seu canto
Sem pesar ou descontentamento
E enfim quando ja tarde me procure
Quem sabe a morte, soluçao de quem vive
Quem sabe a solidao constancia de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que me livrei)
Que nao seja imortal, posto que engana
Mas que seja gostoso enquanto dure
Esta é uma espécie de paródia do "Soneto de fidelidade" de Vinícius de Moraes. Deixo isso claro pra evitar denúncias de plágio. Na realidade era pra todo mundo notar isso, mas como eu sei que este espaço aqui é público e alguns estúpidos podem pensar bobagem, parece que este aviso se faz necessário.
Ah sim! Gosto de sarcasmo, ironia e pessimismo, então nao me encham.
domingo, 30 de novembro de 2008
Tentativa de produção de crítica à sociedade Nº3 - Tragédia em Santa Catarina
Nestes tempos de tragédia em Santa Catarina especialmente, é possível perceber na mídia seu poder alienante sobre o povo.
É intrigante ouvir nas ruas comentários extremamente compadecidos com a tragédia, mas de pessoas aparentando sempre não darem a menor consideração ao fato de que, por exemplo, o Maranhão é um estado onde 44,2% da população vive abaixo da linha da pobreza há anos (e por anos), enquanto que no caos vivido nas cidades catarinenses 40% da população foi atingida.
Não se trata de se objetivar uma mensuraçao de a respeito de quem foi mais, ou menos prejudicado. Independetemente disso, é interessante ressaltar que assim como a mídia encobre (no sentido de não enfocar) situações como a do Maranhão, ela encobre muitas outras tragédias diárias da vida humana e nos deixa cegos para a (nossa) realidade, além de colocar, contraditoriamente, até mesmo os sujeitos que vivem situações adversas a vida toda numa condição "superior" de sentir pena de outros que momentaneamente se encontram em uma situação difícil. Esta tentativa de crítica principalmente visa à elaboração de um senso crítico em relação à mídia e à sua própria realidade, de modo a tentar fazer com que as pessoas atentem para a (sua) realidade.
Muitos podem aparecer e falar: "ah, aqui é diferente, a questão não é tragédia, é política... etc.", "ah, eu sou humano, eu não consigo ficar indiferente...", enfim, estas bobagens de pessoas que nao compreenderam a intenção deste texto e/ou acomodadas. Primeiro tratemos da questão da acomodação. Eu tenho certeza absoluta que hoje vão ter muitas pessoas ligando pra Band, Globo, etc. doando seus míseros trocos pra encostarem a cabeça tranquilamente no travesseiro à noite com a sensação de dever cumprido, como se tudo que elas pudessem fazer pelo outro fosse isso. Ninguém que não tenha lido este post vai se angustiar em se lembrar que no Maranhão existe gente que sofre todos os dias e que é possível, mesmo sendo de cunho político, uma transformação desta realidade.
Tratando agora daqueles que nao compreenderam a intenção deste texto, é de se lamentar, mas talvez não muito de se culpar, estes pobres ignorantes, afinal eu devo admitir o grande poderio midiático alienante. São somente sujeitos pertencentes ao rebanho ignorante chamado "massa".
É intrigante ouvir nas ruas comentários extremamente compadecidos com a tragédia, mas de pessoas aparentando sempre não darem a menor consideração ao fato de que, por exemplo, o Maranhão é um estado onde 44,2% da população vive abaixo da linha da pobreza há anos (e por anos), enquanto que no caos vivido nas cidades catarinenses 40% da população foi atingida.
Não se trata de se objetivar uma mensuraçao de a respeito de quem foi mais, ou menos prejudicado. Independetemente disso, é interessante ressaltar que assim como a mídia encobre (no sentido de não enfocar) situações como a do Maranhão, ela encobre muitas outras tragédias diárias da vida humana e nos deixa cegos para a (nossa) realidade, além de colocar, contraditoriamente, até mesmo os sujeitos que vivem situações adversas a vida toda numa condição "superior" de sentir pena de outros que momentaneamente se encontram em uma situação difícil. Esta tentativa de crítica principalmente visa à elaboração de um senso crítico em relação à mídia e à sua própria realidade, de modo a tentar fazer com que as pessoas atentem para a (sua) realidade.
Muitos podem aparecer e falar: "ah, aqui é diferente, a questão não é tragédia, é política... etc.", "ah, eu sou humano, eu não consigo ficar indiferente...", enfim, estas bobagens de pessoas que nao compreenderam a intenção deste texto e/ou acomodadas. Primeiro tratemos da questão da acomodação. Eu tenho certeza absoluta que hoje vão ter muitas pessoas ligando pra Band, Globo, etc. doando seus míseros trocos pra encostarem a cabeça tranquilamente no travesseiro à noite com a sensação de dever cumprido, como se tudo que elas pudessem fazer pelo outro fosse isso. Ninguém que não tenha lido este post vai se angustiar em se lembrar que no Maranhão existe gente que sofre todos os dias e que é possível, mesmo sendo de cunho político, uma transformação desta realidade.
Tratando agora daqueles que nao compreenderam a intenção deste texto, é de se lamentar, mas talvez não muito de se culpar, estes pobres ignorantes, afinal eu devo admitir o grande poderio midiático alienante. São somente sujeitos pertencentes ao rebanho ignorante chamado "massa".
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Tentativa de produção de crítica à sociedade Nº2 - Aos religiosos das ciências.
Ontem me ocorreu algo nunca até então imaginado: Por que a razão seria fonte da verdade e, nos despindo de nossa sensibilidade, nós poderíamos alcançá-la, se tanto a razão quanto a sensibilidade são parte do nosso "modo humano de ser" (utilizando um conceito heideggeriano)? Note-se que mesmo o mais objetivo dos métodos (se este fosse possível existir), ainda assim seria passível de questionamento, pois mesmo ele seria criação humana, a razão que tentamos utilizar como neutra é humana, portanto nao deve ser endeusada a ponto de nos fazer querer deixar de ser humanos.
Se se pára pra pensar um pouco e lembrar das velhas aulas de filosofia e história, talvez se encontre uma certa razão para esta crença na verdade pela via da razão. A sistematização de idéias para a busca de respostas às questões humanas, digamos filosofia, existe há um bom tempo, porém deve-se lembrar que ao longo do tempo o modelo de conhecimento foi se alterando, passando do cosmos, à natureza, às divindades, e, na modernidade, à razão.
Pensando na parte histórica da coisa, devemos admitir que o momento daquela sociedade propiciou esse advento da crença na razão pois se vivia uma crise social, econômica e política, a verdade divina já não era suficiente pra dar conta de explicar a realidade que se tornava cada vez mais difícil, e a igreja que cobrava valores cada vez mais altos de impostos, já não era mais bem vista. Foi uma fase de retorno ao homem no sentido de buscar nele próprio, e não mais em Deus, as respostas para a humanidade.
Neste contexto havia de se buscar uma nova crença. Um pensamento para substituir a verdade divina, e então surge um sujeito que supõe a idéia de que algo puro nos foi dado por Deus, algo que é tão indubitável quando o próprio Deus, e que nos permite conhecer: a razão, o cogito. Isto ganhou proporções gigantescas na história do pensamento humano e até hoje é a principal base de sustentação da precária "civilização" humana, e de tal modo que se tornou tão inquestionável quanto o Deus medieval.
Infelizmente este modelo de pensamento que persiste até os dias atuais ao longo do tempo foi tomando certas proporções desumanizadoras. O caráter objetivo do método, que visa eliminar nossa subjetividade da análise do objeto, faz com que nós queiramos nos libertar de algo que nos constitui como humanos, sendo que até mesmo as idéias de método e objetividade são decorrentes do nosso modo humano de ser, na medida que nós somente conhecemos como nos é possível conhecer, como somos-para-conhecer, pegando emprestada a idéia do Dasein de Heiddeger.
Em termos práticos, é possível notar em nossa sociedade os avanços e os problemas gerados por essa desumanização preconizada pelo método. Se de um lado temos grandes avanços na medicina e na física, por outro temos uma sociedade orientada para viver para o consumo sem questionar, ate mesmo sem amar, medicos que tratam seus pacientes como se fossem os bonecos ou cadaveres onde ele aprendeu aquela complicada e enfadonha arte, sem dar qualquer consideração ao fato de que está lidando com um humano, um existente como ele, temos uma certa desvalorização da arte, quando percebemos a desvalorização do próprio artista (humano), e temos a mais grave outrora comentada por mim: a desvalorização do pensamento, pois a sociedade só valoriza o ensino técnico, metodológico.
Há um movimento, dentre outros talvez, na tentativa de resgatar o modo de ser do homem, o existencialismo, que tem como fundamentação a fenomenologia. É importante dizer que mesmo em Descartes a subjetividade e a liberdade humana estão presentes, mas só posteriormente ganharam ênfase na filosofia ocidental, principalmente nas idéias fenomenológicas e existencialistas. Espero ainda poder alcançar as transformações sociais e tecnológicas que estas correntes de pensamento talvez venham a atingir futuramente. Já podemos notar em algumas áreas a influência dessas idéias, como por exemplo na psicologia, com a clínica fenomenologica-existencial e, na esfera da saúde, no movimento de humanização das profissões destas áreas que vem sendo discutido nas academias.
Se se pára pra pensar um pouco e lembrar das velhas aulas de filosofia e história, talvez se encontre uma certa razão para esta crença na verdade pela via da razão. A sistematização de idéias para a busca de respostas às questões humanas, digamos filosofia, existe há um bom tempo, porém deve-se lembrar que ao longo do tempo o modelo de conhecimento foi se alterando, passando do cosmos, à natureza, às divindades, e, na modernidade, à razão.
Pensando na parte histórica da coisa, devemos admitir que o momento daquela sociedade propiciou esse advento da crença na razão pois se vivia uma crise social, econômica e política, a verdade divina já não era suficiente pra dar conta de explicar a realidade que se tornava cada vez mais difícil, e a igreja que cobrava valores cada vez mais altos de impostos, já não era mais bem vista. Foi uma fase de retorno ao homem no sentido de buscar nele próprio, e não mais em Deus, as respostas para a humanidade.
Neste contexto havia de se buscar uma nova crença. Um pensamento para substituir a verdade divina, e então surge um sujeito que supõe a idéia de que algo puro nos foi dado por Deus, algo que é tão indubitável quando o próprio Deus, e que nos permite conhecer: a razão, o cogito. Isto ganhou proporções gigantescas na história do pensamento humano e até hoje é a principal base de sustentação da precária "civilização" humana, e de tal modo que se tornou tão inquestionável quanto o Deus medieval.
Infelizmente este modelo de pensamento que persiste até os dias atuais ao longo do tempo foi tomando certas proporções desumanizadoras. O caráter objetivo do método, que visa eliminar nossa subjetividade da análise do objeto, faz com que nós queiramos nos libertar de algo que nos constitui como humanos, sendo que até mesmo as idéias de método e objetividade são decorrentes do nosso modo humano de ser, na medida que nós somente conhecemos como nos é possível conhecer, como somos-para-conhecer, pegando emprestada a idéia do Dasein de Heiddeger.
Em termos práticos, é possível notar em nossa sociedade os avanços e os problemas gerados por essa desumanização preconizada pelo método. Se de um lado temos grandes avanços na medicina e na física, por outro temos uma sociedade orientada para viver para o consumo sem questionar, ate mesmo sem amar, medicos que tratam seus pacientes como se fossem os bonecos ou cadaveres onde ele aprendeu aquela complicada e enfadonha arte, sem dar qualquer consideração ao fato de que está lidando com um humano, um existente como ele, temos uma certa desvalorização da arte, quando percebemos a desvalorização do próprio artista (humano), e temos a mais grave outrora comentada por mim: a desvalorização do pensamento, pois a sociedade só valoriza o ensino técnico, metodológico.
Há um movimento, dentre outros talvez, na tentativa de resgatar o modo de ser do homem, o existencialismo, que tem como fundamentação a fenomenologia. É importante dizer que mesmo em Descartes a subjetividade e a liberdade humana estão presentes, mas só posteriormente ganharam ênfase na filosofia ocidental, principalmente nas idéias fenomenológicas e existencialistas. Espero ainda poder alcançar as transformações sociais e tecnológicas que estas correntes de pensamento talvez venham a atingir futuramente. Já podemos notar em algumas áreas a influência dessas idéias, como por exemplo na psicologia, com a clínica fenomenologica-existencial e, na esfera da saúde, no movimento de humanização das profissões destas áreas que vem sendo discutido nas academias.
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quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Tentativa de produção de crítica à sociedade Nº1
A maioria das pessoas não se dá conta das implicações negativas que esse nosso american lifestyle acarretam, e outras ate preferem que seja assim (meu caso, pelo menos em relação ao individualismo), mas dentre as tais implicações desse modus operandi de nossa sociedade, gostaria de tratar principalmente sobre a intolerância e a ignorância.
Na sociedade do capital não há tempo para pessoas "comuns" pensarem, pois elas estão sempre trabalhando ou correndo atrás de emprego. Isto não é desculpa para a tamanha ignorância que o rebanho vive, pois apesar das dificuldades todos são livres para escolher, mas não nego que dificultam um pouco o processo de desenvolvimento de uma consciência (auto) crítica. As pessoas já acham que há problemas demais para se pensar e se acomodam no mínimo de conforto que conseguem na vida, deixando questões essenciais da humanidade para meia dúzias de pesquisadores mal pagos das universidades. Uma verdadeira contradição uma vez que estamos na era da informação.
Se as pessoas não "têm tempo pra pensar" (na realidade elas escolhem "pensar em dinheiro") em questões essenciais do ser humano, elas esquecem de pensar no outro, de pensar na sociedade e de pensar ate mesmo em si e em sua própria felicidade. Essa comodidade de se achar tudo muito normal implica, em linhas gerais, o sujeito ter como objetivo de vida, acima de tudo, o consumo. Isso numa atitude muito descompromissada até consigo mesmo: o mundo está aí, as coisas acontecem a minha revelia, se eu tiver dinheiro vou ser feliz, etc., mas as pessoas morrem sem se preocupar realmente com o que a faria feliz. Notem que é muito estranho todas as pessoas pensarem ser felizes da mesma forma (bom emprego, casa, carro, etc.).
Outro fato cômico da sociedade do capital é a busca de ser diferente. Mas ser diferente na medida em que se rejeita o diferente, e essa rejeição é desprezível. É tamanha a insanidade que os sujeitos criam grupos dentro da mesma comunidade para se estranharem, mas é claro que ninguém pára pra pensar quão absurdo é isso. Ninguém quer abrir mão de nada. Apesar de que essa idéia não é mérito somente da sociedade do capital, basta se pensar na maior causa de assassinatos da historia da humanidade: as religiões. Na nossa sociedade o "diferente" apenas se evidencia, e se evidencia na medida que nos torna iguais, na medida em que nos tornamos tão iguais ao querermos ser diferentes. Mas só se enxerga as diferenças...
Pode ser que daqui a alguns anos, principalmente agora que estamos em recessao na economia, um novo modelo de vida surja e nos liberte nos aprisionando em ideias menos agressivas a nossa liberdade e subjetividade. Quem sabe somente apos uma guerra mundial, pois a meu ver, estamos fadados a um fim não muito distante, uma nova "era do gelo", e me refiro ao valor simbólico da expressão referente a frieza. Os mais otimistas pensam que, como sempre após uma crise, a humanidade se adaptará e sobreviverá, renascendo de outra forma, tal qual outras crises foram superadas com o advento da razão, das ciências, ou do capitalismo financeiro. Um argumento valido para isso é o de que toda vez que se está numa crise, se pensa não haver esperança, ou seja, posso estar enganado em pensar como penso e alguém aparecer pra nos salvar, mas sustento minha posição devido ao ponto em que chegamos a prejudicar de maneira irreversível o próprio lugar onde vivemos (esse papo todo sobre aquecimento global e etc.). Impossível não, mas improvável, creio eu.
Na sociedade do capital não há tempo para pessoas "comuns" pensarem, pois elas estão sempre trabalhando ou correndo atrás de emprego. Isto não é desculpa para a tamanha ignorância que o rebanho vive, pois apesar das dificuldades todos são livres para escolher, mas não nego que dificultam um pouco o processo de desenvolvimento de uma consciência (auto) crítica. As pessoas já acham que há problemas demais para se pensar e se acomodam no mínimo de conforto que conseguem na vida, deixando questões essenciais da humanidade para meia dúzias de pesquisadores mal pagos das universidades. Uma verdadeira contradição uma vez que estamos na era da informação.
Se as pessoas não "têm tempo pra pensar" (na realidade elas escolhem "pensar em dinheiro") em questões essenciais do ser humano, elas esquecem de pensar no outro, de pensar na sociedade e de pensar ate mesmo em si e em sua própria felicidade. Essa comodidade de se achar tudo muito normal implica, em linhas gerais, o sujeito ter como objetivo de vida, acima de tudo, o consumo. Isso numa atitude muito descompromissada até consigo mesmo: o mundo está aí, as coisas acontecem a minha revelia, se eu tiver dinheiro vou ser feliz, etc., mas as pessoas morrem sem se preocupar realmente com o que a faria feliz. Notem que é muito estranho todas as pessoas pensarem ser felizes da mesma forma (bom emprego, casa, carro, etc.).
Outro fato cômico da sociedade do capital é a busca de ser diferente. Mas ser diferente na medida em que se rejeita o diferente, e essa rejeição é desprezível. É tamanha a insanidade que os sujeitos criam grupos dentro da mesma comunidade para se estranharem, mas é claro que ninguém pára pra pensar quão absurdo é isso. Ninguém quer abrir mão de nada. Apesar de que essa idéia não é mérito somente da sociedade do capital, basta se pensar na maior causa de assassinatos da historia da humanidade: as religiões. Na nossa sociedade o "diferente" apenas se evidencia, e se evidencia na medida que nos torna iguais, na medida em que nos tornamos tão iguais ao querermos ser diferentes. Mas só se enxerga as diferenças...
Pode ser que daqui a alguns anos, principalmente agora que estamos em recessao na economia, um novo modelo de vida surja e nos liberte nos aprisionando em ideias menos agressivas a nossa liberdade e subjetividade. Quem sabe somente apos uma guerra mundial, pois a meu ver, estamos fadados a um fim não muito distante, uma nova "era do gelo", e me refiro ao valor simbólico da expressão referente a frieza. Os mais otimistas pensam que, como sempre após uma crise, a humanidade se adaptará e sobreviverá, renascendo de outra forma, tal qual outras crises foram superadas com o advento da razão, das ciências, ou do capitalismo financeiro. Um argumento valido para isso é o de que toda vez que se está numa crise, se pensa não haver esperança, ou seja, posso estar enganado em pensar como penso e alguém aparecer pra nos salvar, mas sustento minha posição devido ao ponto em que chegamos a prejudicar de maneira irreversível o próprio lugar onde vivemos (esse papo todo sobre aquecimento global e etc.). Impossível não, mas improvável, creio eu.
sábado, 25 de outubro de 2008
Eu devia estar feliz
Este seria um dos possíveis títulos que este blog viria a ter, descartado por questão subjetiva. Seria retirado de uma música de Raul Seixas, chamada "Ouro de tolo", por isso peço a licença poética quanto a desinência modo-temporal do verbo "devia".
Como deu pra perceber, este será mais um blog pessimista, de um sujeito revoltado com o mundo e sentindo necessidade de verbalizar algumas coisas antes de tomar atitudes drásticas. Mais adiante entrarei em detalhes do porquê de tal direcionamento do blog, por ora basta-me dizer que meu descontentamento com o mundo parte principalmente da ignorância e do comodismo humano nesta era onde se paga mais para não pensar do que para se pensar. Basta notar que a formação profissional de um sujeito é considerada boa por uma empresa quando ele não tem perfil questionador e sabe reproduzir perfeitamente o que foi dito a ele na universidade, enquanto que os investimentos em pesquisas uteis para a sociedade sao extremamente escassos.
Apesar de uma intenção não tão nobre assim (pra não dizer clichê), tentarei ao máximo compensar esta "falha" com reflexões produtivas que deveriam ser inerentes a qualquer indivíduo pensante.
Já gostaria de começar a falar sobre muitas coisas (por exemplo o fato de todos nós acharmos tudo muito normal da forma que está sem jamais termos nos dado sequer o trabalho de nos estranhar a nós mesmos e examinarmos determinados atos do dia-a-dia sob uma perspectiva mais distante e geral), porém sinto que neste momento especificamente me falta inspiração, paciência e informação o suficiente para satisfazer meu perfeccionismo absurdo, que por vezes me faz até preferir desistir de algo do que fazê-lo mal feito.
Obviamente não terei o menor compromisso com frequência de posts ou até mesmo com a própria manutenção do blog, por isso poupem comentários que me exijam coisas do tipo.
Como deu pra perceber, este será mais um blog pessimista, de um sujeito revoltado com o mundo e sentindo necessidade de verbalizar algumas coisas antes de tomar atitudes drásticas. Mais adiante entrarei em detalhes do porquê de tal direcionamento do blog, por ora basta-me dizer que meu descontentamento com o mundo parte principalmente da ignorância e do comodismo humano nesta era onde se paga mais para não pensar do que para se pensar. Basta notar que a formação profissional de um sujeito é considerada boa por uma empresa quando ele não tem perfil questionador e sabe reproduzir perfeitamente o que foi dito a ele na universidade, enquanto que os investimentos em pesquisas uteis para a sociedade sao extremamente escassos.
Apesar de uma intenção não tão nobre assim (pra não dizer clichê), tentarei ao máximo compensar esta "falha" com reflexões produtivas que deveriam ser inerentes a qualquer indivíduo pensante.
Já gostaria de começar a falar sobre muitas coisas (por exemplo o fato de todos nós acharmos tudo muito normal da forma que está sem jamais termos nos dado sequer o trabalho de nos estranhar a nós mesmos e examinarmos determinados atos do dia-a-dia sob uma perspectiva mais distante e geral), porém sinto que neste momento especificamente me falta inspiração, paciência e informação o suficiente para satisfazer meu perfeccionismo absurdo, que por vezes me faz até preferir desistir de algo do que fazê-lo mal feito.
Obviamente não terei o menor compromisso com frequência de posts ou até mesmo com a própria manutenção do blog, por isso poupem comentários que me exijam coisas do tipo.
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