Existe certo perigo em lidar com o filosofar. Especialmente quando se entra em contato com a filosofia do concreto, da vivência, do que se revela. Quando se lida com o podre da realidade, quando não lhe ignoramos, quando tomamos conhecimento da sua inerência à condição humana, algumas concepções são alteradas e algumas sensações são despertas.
A vida é permeada por questionamentos geradores de angústia que fazem com que os indivíduos queiram se refugiar em possibilidades para além da sua existência. Por exemplo, têm-se o fato de que é difícil para muitas pessoas aceitarem a efemeridade e a falta de sentido da vida, então a maioria delas recorre à religião. Obviamente esta é uma fuga de uma angústia que, como toda escolha, gera outra angústia, porém, uma angústia mais fácil de lidar, pois escapa ao real e às possibilidades de fato, e gera uma ilusão. Esta é o que cegará o indivíduo para as suas possibilidades, pois este se fechará em um dogma, abrindo mão de sua liberdade/responsabilidade e fugindo à sua condição humana, à espera dessa ilusão.
Em outros casos, creio que o meu, o sujeito comete o desatino de querer buscar respostas onde só se consegue questionamentos: na filosofia. Esta se apresenta sedutora, nos dá outras possibilidades de reflexão, porém é perigosa. Ao se "clarear" a visão, passa-se a perceber o quão obscuro é o mistério da vida. E mais, passa-se a questionar sua finalidade, de modo que a única resposta a que se é possível chegar é que a vida não tem sentido. Mas isto lhe confere sentido! O sentido da vida está no fato dela não ter sentido. Caso tivesse creio que todos os homens agiriam num determinado padrão mais facilmente observável, afinal todos teriam o mesmo objetivo. Todavia, o único padrão que se pode se certificar, é o padrão da diferença, desta que nos torna igual, deste sentido sem sentido.
Enfim, eu decidi continuar buscando um sentido (talvez eu faça disso um sentido, pelo menos até onde eu conseguir suportar), e vocês? O que irão decidir?
3 comentários:
Quem são os "otimistas"?
Não sei não.. Não acho que a religião traga sentido. Eu penso que ela traz conforto. O conforto de um amparo constante de um ser superior. O pior é que mesmo quando eu tinha alguma religião, dessas ae que tu encontra na esquina, ainda permeavam esses mesmos questionamentos na minha cabeça, e isso antes mesmo de eu começar a estudar de verdade. Aquilo então que viria pra dar conforto ou mesmo sentindo, falhou miseravelmente, tornou-se insuficiente. Talvez eu não tivesse fé o bastante. Enfim, eu concordo que que esse conforto é mesmo pra evitar que tu pense em questões que te fariam um ser independente, dono do próprio destino, alterador do meio e por conseguinte, do status quo. Talvez simplesmente evitem que tu pense em questões que de outra sorte fariam com que tu pirasse e não pudesse continuar com o modus operandi desse homem médio que vive numa sociedade ordinária: trabalhar e fazer dinheiro pra não morrer de fome, ou seja, não pensar, somente operar, girar a máquina. Enfim, uma existência que não tem de fato sentido, uma que somente sobrevive em função do outro. Que "dignifica" o labor. Sem de fato qualquer sentido próprio e o pior: sem conforto físico ou mental.
"I'm just a wheel in motion, too blind to see, the way we are heading now.."
só p tu ter uma noção,
a colaboradora que estava respondendo o e-mail pediu p eu responder
e eu decidi fazer um post sobre,
com minhas palavras
pois esse post é da revista ana maria
:)
eu n faço isso, mas dessa vez decidi responder,
visto que sou a unica escritora profissional.
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