sábado, 13 de março de 2010

Forever young...


Algumas vezes observamos indivíduos que parecem não querer assumir que ‘a geração que jurou ser jovem pra sempre chegou lá’. Sim, aquele seu vizinho chato que já rompeu a casa dos quarenta e todo sábado de manhã vai lavar seu carro numa espécie de ritual sagrado, com aquela música “dixcolada” nas alturas, seu óculos estilo surfista e aquela bermudinha sexy.

Alguns podem criticar afirmando que se trata apenas de um estilo de vida, e que é bom manter o espírito jovem, e que é justificável, etc. Mas a questão é que este fenômeno é manifestação de algo preocupante que tem acontecido com maior frequência, e especialmente em países desenvolvidos: os kidults (adultescência, no Brasil).

A necessidade cada vez mais crescente de qualificação na concorrência por um bom emprego, a “modernização” do trabalho, preconizada por teorias organizacionais e inevitável pela evolução tecnológica, que abrem possibilidades de diferentes estilos de vida e maior autonomia para os empregados, a descoberta de um mercado consumidor nostálgico pelos veículos de comunicação e pelas grandes indústrias, e, claro, os avanços da medicina que aumentaram muito a longevidade, talvez sejam os fatores que mais aparecem como possibilidade de causa. Mas até mesmo o movimento feminista e a revolução sexual contribuíram para o surgimento deste fenômeno.

Enfim, a questão não é dizer que o indivíduo não possa ter um estilo jovem, mas sim compreender que talvez este estilo diga além de uma vestimenta (ou ausência dela), consequentemente trazendo prejuízos sociais, tanto pro indivíduo quanto pra sociedade. Esta pessoa que não consegue sair da casa dos pais, que às vezes tem filho precocemente, que torra dinheiro e se obceca com academia e produtos de beleza, que se endivida, que não consegue ter uma relação afetiva estável, etc., não adquiriu responsabilidade e autonomia na sua vida.

Como serão seus filhos? Pesquisas realizadas aqui no Brasil e divulgadas em revistas de grande circulação apontam que há casos em que os papéis se invertem dentro de casa e o filho passa a ser o “careta” da história. Absurdo! Uma pessoa com 15 anos tendo que lidar com responsabilidades de uma de 30? Será que isso não traz nenhuma consequência para o desenvolvimento psicosocial dela? E nos casos onde não há esta inversão, o que acontece? Provavelmente a mera transmissão deste modelo.

‘A geração que jurou ser jovem pra sempre’ tem que tomar cuidado pra não ser irresponsável pra sempre.


Ps.: Inicialmente postado em www.javimelhores.wordpress.com. A autoria é minha. Fiquei com medo de passar março em branco. Falta de inspiração é coisa chata.

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