Já havia feito um texto criticando essa comprovação do fracasso do sistema educacional brasileiro, mas eu não havia visto ainda as concorrências do vestibular deste ano. A palavra mais próxima do que estou sentindo é REVOLTA. Vejam os números:
Medicina Negro - 2,72
Medicina Escola Pública - 14,08
Medicina Universal - 61,02
Isto se repete em todos os outros cursos. É uma facilitação ridícula que confessa a falta de orgulho dos próprios negros, ao contrário do que o sistema idealizado preconiza. Não gostaria de vir com este papo chato e desgastado sobre cotas de novo, mas é simplesmente ridículo o que está acontecendo. Inclusive deixa dúvidas quanto à idoneidade do sistema, pois é sabido que o Maranhão tem a 3ª maior população negra do país e a disparidade nos números é brutalmente visível. Será que uma minoria não está sendo beneficiada? Afinal o que confere poder aos "doutores da raça" para emitir um julgamento do tipo "quem merece ou não ser chamado de negro"? Parece ser muito cômodo que uma política que aparentemente visa resolver um dos mais polêmicos problemas do mundo, no nosso país, sirva também como forma de empurrar com a barriga outro problema gravíssimo (talvez o mais grave de todos) mas que custa bem mais caro, o da educação.
Muitas das pessoas que estão à frente dos movimentos negros, parecem sempre se acharem perseguidas, quase sempre tomando um discurso quase racista, aparentando ainda viverem à sombra de uma escravidão, ou, pode-se supor que, justificando verbas para seus projetos com esse eterno "mecanismo de defesa", além disso, transmitindo esse germe do preconceito àqueles que ingressam nessa politicagem, às vezes com as melhores das intenções. Grande parte de suas tentativas fracassadas de se auto-afirmar passam mais por um sentimento de rancor do que por uma luta pela igualdade. Talvez alguns só se satisfizessem se escravizassem os brancos por alguns séculos.
Creio que o primeiro passo para igualdade seja tentar não olhar pra cor, seja o branco ou o próprio negro. A sociedade do capital, a meu ver, está chegando a tal estágio onde as relações culturais são sempre mediadas pelo dinheiro e isto inclui o problema do racismo. Cada vez mais vale quem tem, e não quem nasceu assim, ou assado.
Logo a cota para escola pública abrange toda a questão, uma vez que já soube por pessoas envolvidas no processo que as cotas são pra negros POBRES. Ou seja, se a questão é sobre capital, sou a favor do argumento de uma única cota. Não que eu seja a favor de cotas, quaisquer que sejam, mas se tiver de apontar a menos injusta, com certeza é esta. Afinal a maioria da população negra está na camada baixa da sociedade, só que não são somente negros. Muitos brancos também são pobres. Então essa cota não os exclui. Se as pessoas não passarem a lidar com esta realidade, daqui a pouco vamos ter filas para negros, caixas para negros, elevador para negros, banheiro para negros, etc., até que tenhamos universidades só para negros.
É certo que, na realidade, sou CONTRA qualquer tipo de cotas. Devemos olhar para a educação de forma honesta. TODOS sabem que o sistema de cotas não é uma conquista, mas sim um retardo. O retardo de uma implantação de uma política educacional séria e comprometida de verdade. Onde desde a educação básica o sujeito receba instrumentalização digna de conseguir gerir sua vida futura sem o auxílio de aberrações políticas de empobrecimento cultural ou de beneficiamento de grupos. ISTO SIM SERIA IGUALDADE DE OPORTUNIDADE.
Por favor, este não é um texto de cunho racista, até porque eu sou negro. Esperam que compreendam a que se dirigiu meu protesto. Na realidade eu confio nas possibilidades de todas as pessoas, desde que elas queiram lutar. "Você é o que você faz com aquilo que fazem de você" (Jean-Paul Sartre).
3 comentários:
sou a favor das cotas, de forma apenas imediatista, até mesmo porque reformas educacionais não se faz em pouco tempo. porem, separar negros e alunos de escolas publicas nao faz muito sentido talvez uma cota para alunos de escola de baixa renda fosse mais justo, ou menos injusto.
e ai meu amigo vinicius, bom texto, não vou alongar o comentário, pois você já sabe o que acho sobre as cotas. enfim o caso é complicado abrços~.
concordo em número gênero e grau.
ótimo texto vinícius.
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