Nestes tempos de tragédia em Santa Catarina especialmente, é possível perceber na mídia seu poder alienante sobre o povo.
É intrigante ouvir nas ruas comentários extremamente compadecidos com a tragédia, mas de pessoas aparentando sempre não darem a menor consideração ao fato de que, por exemplo, o Maranhão é um estado onde 44,2% da população vive abaixo da linha da pobreza há anos (e por anos), enquanto que no caos vivido nas cidades catarinenses 40% da população foi atingida.
Não se trata de se objetivar uma mensuraçao de a respeito de quem foi mais, ou menos prejudicado. Independetemente disso, é interessante ressaltar que assim como a mídia encobre (no sentido de não enfocar) situações como a do Maranhão, ela encobre muitas outras tragédias diárias da vida humana e nos deixa cegos para a (nossa) realidade, além de colocar, contraditoriamente, até mesmo os sujeitos que vivem situações adversas a vida toda numa condição "superior" de sentir pena de outros que momentaneamente se encontram em uma situação difícil. Esta tentativa de crítica principalmente visa à elaboração de um senso crítico em relação à mídia e à sua própria realidade, de modo a tentar fazer com que as pessoas atentem para a (sua) realidade.
Muitos podem aparecer e falar: "ah, aqui é diferente, a questão não é tragédia, é política... etc.", "ah, eu sou humano, eu não consigo ficar indiferente...", enfim, estas bobagens de pessoas que nao compreenderam a intenção deste texto e/ou acomodadas. Primeiro tratemos da questão da acomodação. Eu tenho certeza absoluta que hoje vão ter muitas pessoas ligando pra Band, Globo, etc. doando seus míseros trocos pra encostarem a cabeça tranquilamente no travesseiro à noite com a sensação de dever cumprido, como se tudo que elas pudessem fazer pelo outro fosse isso. Ninguém que não tenha lido este post vai se angustiar em se lembrar que no Maranhão existe gente que sofre todos os dias e que é possível, mesmo sendo de cunho político, uma transformação desta realidade.
Tratando agora daqueles que nao compreenderam a intenção deste texto, é de se lamentar, mas talvez não muito de se culpar, estes pobres ignorantes, afinal eu devo admitir o grande poderio midiático alienante. São somente sujeitos pertencentes ao rebanho ignorante chamado "massa".
domingo, 30 de novembro de 2008
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Tentativa de produção de crítica à sociedade Nº2 - Aos religiosos das ciências.
Ontem me ocorreu algo nunca até então imaginado: Por que a razão seria fonte da verdade e, nos despindo de nossa sensibilidade, nós poderíamos alcançá-la, se tanto a razão quanto a sensibilidade são parte do nosso "modo humano de ser" (utilizando um conceito heideggeriano)? Note-se que mesmo o mais objetivo dos métodos (se este fosse possível existir), ainda assim seria passível de questionamento, pois mesmo ele seria criação humana, a razão que tentamos utilizar como neutra é humana, portanto nao deve ser endeusada a ponto de nos fazer querer deixar de ser humanos.
Se se pára pra pensar um pouco e lembrar das velhas aulas de filosofia e história, talvez se encontre uma certa razão para esta crença na verdade pela via da razão. A sistematização de idéias para a busca de respostas às questões humanas, digamos filosofia, existe há um bom tempo, porém deve-se lembrar que ao longo do tempo o modelo de conhecimento foi se alterando, passando do cosmos, à natureza, às divindades, e, na modernidade, à razão.
Pensando na parte histórica da coisa, devemos admitir que o momento daquela sociedade propiciou esse advento da crença na razão pois se vivia uma crise social, econômica e política, a verdade divina já não era suficiente pra dar conta de explicar a realidade que se tornava cada vez mais difícil, e a igreja que cobrava valores cada vez mais altos de impostos, já não era mais bem vista. Foi uma fase de retorno ao homem no sentido de buscar nele próprio, e não mais em Deus, as respostas para a humanidade.
Neste contexto havia de se buscar uma nova crença. Um pensamento para substituir a verdade divina, e então surge um sujeito que supõe a idéia de que algo puro nos foi dado por Deus, algo que é tão indubitável quando o próprio Deus, e que nos permite conhecer: a razão, o cogito. Isto ganhou proporções gigantescas na história do pensamento humano e até hoje é a principal base de sustentação da precária "civilização" humana, e de tal modo que se tornou tão inquestionável quanto o Deus medieval.
Infelizmente este modelo de pensamento que persiste até os dias atuais ao longo do tempo foi tomando certas proporções desumanizadoras. O caráter objetivo do método, que visa eliminar nossa subjetividade da análise do objeto, faz com que nós queiramos nos libertar de algo que nos constitui como humanos, sendo que até mesmo as idéias de método e objetividade são decorrentes do nosso modo humano de ser, na medida que nós somente conhecemos como nos é possível conhecer, como somos-para-conhecer, pegando emprestada a idéia do Dasein de Heiddeger.
Em termos práticos, é possível notar em nossa sociedade os avanços e os problemas gerados por essa desumanização preconizada pelo método. Se de um lado temos grandes avanços na medicina e na física, por outro temos uma sociedade orientada para viver para o consumo sem questionar, ate mesmo sem amar, medicos que tratam seus pacientes como se fossem os bonecos ou cadaveres onde ele aprendeu aquela complicada e enfadonha arte, sem dar qualquer consideração ao fato de que está lidando com um humano, um existente como ele, temos uma certa desvalorização da arte, quando percebemos a desvalorização do próprio artista (humano), e temos a mais grave outrora comentada por mim: a desvalorização do pensamento, pois a sociedade só valoriza o ensino técnico, metodológico.
Há um movimento, dentre outros talvez, na tentativa de resgatar o modo de ser do homem, o existencialismo, que tem como fundamentação a fenomenologia. É importante dizer que mesmo em Descartes a subjetividade e a liberdade humana estão presentes, mas só posteriormente ganharam ênfase na filosofia ocidental, principalmente nas idéias fenomenológicas e existencialistas. Espero ainda poder alcançar as transformações sociais e tecnológicas que estas correntes de pensamento talvez venham a atingir futuramente. Já podemos notar em algumas áreas a influência dessas idéias, como por exemplo na psicologia, com a clínica fenomenologica-existencial e, na esfera da saúde, no movimento de humanização das profissões destas áreas que vem sendo discutido nas academias.
Se se pára pra pensar um pouco e lembrar das velhas aulas de filosofia e história, talvez se encontre uma certa razão para esta crença na verdade pela via da razão. A sistematização de idéias para a busca de respostas às questões humanas, digamos filosofia, existe há um bom tempo, porém deve-se lembrar que ao longo do tempo o modelo de conhecimento foi se alterando, passando do cosmos, à natureza, às divindades, e, na modernidade, à razão.
Pensando na parte histórica da coisa, devemos admitir que o momento daquela sociedade propiciou esse advento da crença na razão pois se vivia uma crise social, econômica e política, a verdade divina já não era suficiente pra dar conta de explicar a realidade que se tornava cada vez mais difícil, e a igreja que cobrava valores cada vez mais altos de impostos, já não era mais bem vista. Foi uma fase de retorno ao homem no sentido de buscar nele próprio, e não mais em Deus, as respostas para a humanidade.
Neste contexto havia de se buscar uma nova crença. Um pensamento para substituir a verdade divina, e então surge um sujeito que supõe a idéia de que algo puro nos foi dado por Deus, algo que é tão indubitável quando o próprio Deus, e que nos permite conhecer: a razão, o cogito. Isto ganhou proporções gigantescas na história do pensamento humano e até hoje é a principal base de sustentação da precária "civilização" humana, e de tal modo que se tornou tão inquestionável quanto o Deus medieval.
Infelizmente este modelo de pensamento que persiste até os dias atuais ao longo do tempo foi tomando certas proporções desumanizadoras. O caráter objetivo do método, que visa eliminar nossa subjetividade da análise do objeto, faz com que nós queiramos nos libertar de algo que nos constitui como humanos, sendo que até mesmo as idéias de método e objetividade são decorrentes do nosso modo humano de ser, na medida que nós somente conhecemos como nos é possível conhecer, como somos-para-conhecer, pegando emprestada a idéia do Dasein de Heiddeger.
Em termos práticos, é possível notar em nossa sociedade os avanços e os problemas gerados por essa desumanização preconizada pelo método. Se de um lado temos grandes avanços na medicina e na física, por outro temos uma sociedade orientada para viver para o consumo sem questionar, ate mesmo sem amar, medicos que tratam seus pacientes como se fossem os bonecos ou cadaveres onde ele aprendeu aquela complicada e enfadonha arte, sem dar qualquer consideração ao fato de que está lidando com um humano, um existente como ele, temos uma certa desvalorização da arte, quando percebemos a desvalorização do próprio artista (humano), e temos a mais grave outrora comentada por mim: a desvalorização do pensamento, pois a sociedade só valoriza o ensino técnico, metodológico.
Há um movimento, dentre outros talvez, na tentativa de resgatar o modo de ser do homem, o existencialismo, que tem como fundamentação a fenomenologia. É importante dizer que mesmo em Descartes a subjetividade e a liberdade humana estão presentes, mas só posteriormente ganharam ênfase na filosofia ocidental, principalmente nas idéias fenomenológicas e existencialistas. Espero ainda poder alcançar as transformações sociais e tecnológicas que estas correntes de pensamento talvez venham a atingir futuramente. Já podemos notar em algumas áreas a influência dessas idéias, como por exemplo na psicologia, com a clínica fenomenologica-existencial e, na esfera da saúde, no movimento de humanização das profissões destas áreas que vem sendo discutido nas academias.
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