Certamente não se resume a isso. Eu me considero mesmo uma antítese em muita coisa. Claro, que todos somos, Kierkegaard (principalmente) e mais um monte de teóricos colocam o homem como uma contradição. O que no fim das contas a antítese é.
Porém, a antítese não é uma contradição qualquer. Creio que nela há algo de íntimo na relação com o resguardo do mistério das coisas. Quem pode percebê-las ou realizá-las pode se considerar privilegiado. Afinal é algo que se coloca num des-ocultamento de forma que permita fazer explodir a contradição em todo seu caráter mais humano e poético.
A antítese não se resume somente a um mero jogo de palavras. Dentre as figuras de linguagem, é figura de semântica, ou seja, de sentido. Ela não está restrita a uma proximidade espacial entre caracteres de significados opostos, mas sim a idéias, imagens, símbolos, etc. que se chocam e fazem brotar algo diferente, que não estava aí já simplesmente dado na relação amarrada entre significado e significante.
É preciso ir além do que se vê. Escutar o ser, intuir... Enfim, viver!
2 comentários:
Opor-se a uma noção de homem como pura razão não é necessariamente abandonar-se ao irracionalismo.Concordo contigo, o que me preocupa é a confusão entre assumir-se como contradição e a leviandade com que por vezes tratamos nossos assuntos(pessoas, compromissos, idéias e ideários).Apropriar-se de si como possibilidade é também ter coragem de ser contraditório e de não fugir do que isso implica:ser juiz e réu de si mesmo a cada tese e a cada antítese.
Engraçado que era exatamente isso que eu queria que entendessem! Acho que meu formalismo acabou encobrindo um pouco. Mas é isso mesmo, sio. Eu não quis abrir mão de uma ética não. Como sempre... Fiquei tão satisfeito com esse comentário que tinha de expressar isso aqui!
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