Aos 27 anos de idade (emblemático por sinal), morre a cantora inglesa Amy Winehouse. Em todos os veículos de comunicação e comentários pelas ruas, as pessoas julgam a morte dela como prematura e tendem a condenar seus comportamentos e atitudes.
Como um reles apreciador de uma música ou outra dela, não me cabe aqui julgar se ela era alguém que realmente precisava de ajuda ou se ela escolheu mesmo isso. Sim! Escolheu! Afinal somos condenados a escolher, como diria Sartre. Mas me refiro aqui a uma escolha consciente, no sentido de ter sido motivada por uma vontade mesmo.
De qualquer forma, a questão da morte sempre é algo que me afeta. Especialmente mortes que suscitam julgamentos como os mencionados. Honestamente me incomoda ouvir as pessoas recriminando e se compadecendo dela como se já soubessem de antemão que sua morte lhe foi algo completamente alheio e estranho. A própria mãe dela disse que era questão de pouco tempo.
Enfim, acredito que ela viveu seus 27 anos bem melhor que muita gente que está com seus 80 e ainda se esquivando e se privando de muita coisa. A morte é algo "natural", é a totalização do projeto, no sentido heideggeriano. Não que devamos assisti-la de maneira impassível e desprovida de emoção, mas que possamos lembrar que acontecimentos como esse abrem a possibilidade de reflexão sobre o sentido de nossas próprias vidas. É justamente no ser-para-morte que abrimos mais nossa compreensão sobre nós mesmos, nossa própria existência. Os julgamentos morais praticamente irrefletidos só nos encobrem tal possibilidade.
Situações como esta não servem simplesmente para que possamos opinar na fila do pão ou no ponto de ônibus, mas devem acima de tudo nos trazer tematicamente a nossa responsabilidade sobre cada projeto de vida que construímos. A reflexão sobre o sentido da existência, que é assunto ôntico de cada um, é a mais originária e fundamental do ser humano.
A Amy já não é mais possibilidade, sua existência acabou, ela fez suas próprias escolhas, e você? Já pensou hoje sobre o que quer verdadeiramente da sua vida?