Seja qual for a forma de amor, será sempre egoísta. "Ohh! Blasfêmia!", muitos dirão, porém há que se ressaltar que qualquer ação humana visa um retorno. Ninguém dá nada de graça, o aparelho psíquico suporta o desprazer, através do princípio da realidade, para adiar uma satisfação que pode ser vivida como desconfortável pro ego naquele momento, mas certamente em algum momento virá a descarga e o prazer, para manter o equilíbrio pulsional de novo.
Nós construímos algumas noções como o amor, a moral e o altruísmo para que a existência em sociedade seja possível, e também para dar sentido a desejos que sentimos e precisamos fazê-los representar. No fim das contas, o narcisismo é constitutivo e nunca sai de cena.
Sejamos francos! Abaixo a hipocrisia! Mesmo o que pode parecer o mais nobre (e desesperado) ato humano de amor, o sacrifício, trará louros e glórias à pessoa sacrificada. Isto não pesa? Se ela vive, seguiu um apelo pulsional extremamente forte de se autopreservar, mas, se o infortúnio vier a lhe acometer, se livrará das dores e mazelas deste mundo, além de ter dado um sentido à morte (à vida) no último de seus instantes.
No fim das contas, a palavra pode não ser exatamente egoísmo, afinal ela parece se remeter ao "ego", mas de alguma maneira não nos perdemos de vista, não nos tiramos de nosso próprio foco, afinal, é o nosso foco que nos foca ao tentarmos não nos focar de qualquer forma. Além de que, se não queremos nos focar, não queremos olhar para nós mesmos de alguma forma...
Enfim, amor incondicional não existe, e Lord Byron morreu junto com o romantismo do mau-do-século faz um tempinho já. Não sejamos ingênuos... Mas amemos! Amemos conscientemente, amemos sabendo que por mais que façamos ao outro, estamos fazendo a nós mesmos também. Já diria aquela máxima bíblica: "Ama ao próximo como a ti mesmo". Deve ser porque amar ao próximo é amar a si mesmo também.