O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em suas teorias sobre a modernidade líquida, está sempre nos mostrando como as relações, assim como a economia (braço dominante do Estado), estão cada vez mais na esfera do virtual. E mostra as possibilidades de alguns eventos que possam ter nos levado a esta condição. Mesmo não tendo como oferecer uma resposta fundamentada em dados, o que o Bauman coloca a respeito disso é bastante coerente e perceptível na realidade atual. Em relação a esta questão também pode-se pensar o retorno "às coisas mesmas" da fenomenologia do alemão Edmund Husserl e no existencialismo de Soren Kierkegaard, onde eles tenta escapar do absolutismo das abstrações positivistas que tende a ver o homem como objeto de estudo. Esta coisificação ocorre em consequência do advento da razão que acaba por atingir o status de bom e certo. Emoção e sentimentos devem ser evitados para que os indivíduos possam executar suas atividades. O problema é que tal verdade está tão arraigada que passa a pertencer a todas as esferas da vida comum dos indivíduos tornando-os mais frios e individualistas. E isto se nota nas grandes cidades que estão mais inseridas neste modelo.
Tendo em vista este panorama do não-contato, do não-comprometimento com o outro, da facilidade e velocidade com que as relações começam e terminam (à distância de um clique), reflitamos sobre a questão de essas relações poderem ser consideradas concretas ou não. Por um lado, por conta de várias questões, dentre elas as citadas acima, pode-se considerar que este modo de relacionar-se distancie os homens e impeça o encontro concreto com o outro. Parece de alguma forma que há um distanciamento do mundo da vivência e uma evasão inautêntica que evita a convivência necessariamente conflituosa com o outro. Dessa forma parece que não há possibilidade de a relação virtual vir a ser concreta. Porém por outro lado, tem-se a todo instante pelos veículos de informação o discurso da era da interatividade. Até que ponto deve-se questionar sua validade? Em termos de fenômeno, será que não é possível lidar com a essência do que aparece no virtual? Quer dizer, será que o virtual já não é realidade? Seria considerada à parte ou pertencente à realidade concreta de fato? Será que não existe a possibilidade do encontro com o outro de fato através das relações virtuais que se tornam cada vez mais reais?