quarta-feira, 22 de julho de 2009

Na seca de idéias, reflexões sobre a existência.


Certa vez aqui falei a respeito do sentido da vida, e sobre a sua possibilidade de fazer sentido pelo fato de não ter um sentido. Então de repente, me encontro com Sartre falando sobre a gratuidade da existência em A Náusea e isso volta a me angustiar.

A existência é gratuita. O que isto quer dizer? Quer dizer que todos os existentes se dão pelo nada. Um nada denso e pesado que temos de suportar resignadamente e que está por toda parte define o ser para a consciência, então ao pensarmos em algo, estamos pensando em tudo aquilo que ele não é. Mas tudo isso é significação da consciência. Temos então a discussão sobre o que vem primeiro: a consciência ou a linguagem. Aposto na primeira, mas não vou me ater nisto no presente texto.

É bem angustiante lidar com essas questões da existência, mas Sartre mostra como temos certas condutas diante dela para suportá-la. Neste ponto lembro da questão da cultura no Freud em que ele diz da gratuidade de alguns rituais dos neuróticos que praticamos e nem nos damos conta, nem queremos saber por quê. Guardadas as proporções desta comparação, em A Náusea temos exemplos destas condutas que nos utilizamos para nos iludirmos do sentido da existência e não ter de se haver com ela em toda sua nudeza cruel, como pensar que os fatos se agrupam por si só numa lógica universal (conduta teleológica), e, principalmente em relação à história, inverter a lógica dos fatos, de modo a se achar que tudo que aconteceu estava realmente levando a aquele fato, quando na realidade tudo se deu gratuitamente, todas as escolhas e consequências.

Enfim, independente daquilo que cada um elabora para se proteger do peso existência, a minha leitura de A Náusea corrobora meu post anterior sobre a questão do sentido da vida: a existência é gratuita, cada um lida com ela de uma forma, e graças a isso e ao nosso modo de ser-consciência temos inifinitas possibilidades e 6 bilhões de indivíduos diferentes.


Ps.: O texto ficou bem ruinzinho mesmo. Mas na seca de idéias em que me encontro tá ótimo. Alguém me ajuda a clarificar meu campo de possibilidades?